sábado, 9 de outubro de 2010

Sonho ou realidade?

Acabo de acordar!
O complicado é sentir ela em mim.
Não sei bem o que aconteceu. Tenho lembranças, mas sem a certeza se é por conta da bebedeira de ontem ou pelos sonhos do sono.
Só sei que a lembrança dela despertou em mim.
Quero ela aqui, do meu lado.
Sinto o corpo dela ao lado do meu. Sinto o encaixe perfeito que tínhamos, de como o abraço dela era a forma perfeita do meu.

MAs não sei bem se é sonho ou realidade...
É estranho. Sempre a encontro quando o juízo já me abandonou nas noites de festa. Nas saídas, quando já não espero mais nada da noite.
e ela surge....

Lembro de muita vezes estar acompanhado, das minhas meninas ficarem enciumadas, me deixarem sozinho.... Sabendo bem que eu queria minha menina....

Não escondo, paro a noite por ela, gasto minhas forças, meus cartuchos, minhas chances, mas o universo conspira para que os momentos em que eu a vejo sejam sempre aqueles em que parece que tudo é um sonho.

Ou estou enganado e é visão dela que me faz duvidar do meu momento, se estar com ela é verdade ou devaneio...
E quantas vezes acordo com as lembranças de nossos abraços, de como me sinto bem com ela, de como o sono é melhor quando tivemos juntos...


E agora eu acordo sentindo ela em mim, o toque dela que atinge minha alma, sua doçura que me acalma, sua inocência que me faz feliz. Sim, ela me faz feliz, nunca negarei....


Mas ainda fica a dúvida, a ponto de sentir seu perfume em meus lençóis e não sei o que fazer.





Pego o carro, saio louco pelas ruas, bato na casa dela cedo e ela abre a porta com cara de sono, me dá o melhor sorriso do mundo e com olhar apaixonado me olha nos olhos e diz:

-Você lembrou!


Sim, eu lembrei para nunca mais esquecer....

sábado, 4 de setembro de 2010

manifesto canalha sentimental

Agora você vem pedindo mais
E eu sabia que ia ser assim

Este é o primeiro texto conjunto do Manual Prático do Canalha Sentimenta e, também, seu primeiro manifesto.

É nêga... vc que achava que o seu rapaizinho bonitinho, com gelzinho no cabelo, bermuda florida e abadá era o sonho de consumo de toda garota, que só seria feliz ao lado dessa figura... e vem correndo atrás de mim, dizer que você nunca conheceu alguém como eu?

Moça... você passa por cima do teu orgulho, esquece todas as suas juras de não me procurar e vem bater em minha porta atrás de meus beijos. Mesmo sabendo que é quase certeza de que eu já esteja com outra.

Lembro bem de nossa última briga... todo aquele sangue, suor e lágrimas. Você bateu a porta dizendo que nunca mais ia voltar. Que meu jeito canalha sentimental era demais pra você.

Você nunca entendeu que sou apenas mais um... meu jeito, nem se difere tanto de todos os outros homens do mundo... claro, que algumas noites na farra, a mais... claro, que sempre tive mais carinho por você [e por todas as outras]... claro, que li mto mais livros que qualquer um dos seus professores [paixonites] de universidade. Mas sou como qualquer um.... só tenho um pouco mais de charme.

Na festa seguinte à nossa briga, lembro bem com quem você estava. Lembro que era um sujeitinho... o meu exato oposto. Sem rugas... barba... ou qualquer outro adereço natural que o definisse como homem feito. Passou pela vida sem nenhum arranhão... um turista. Posso até afirmar que, se eu não estiver enganado, ele usava o mesmo tanto de maquiagem que você.

De lá... eu saí bebado... arrumei briga, quebrei garrafas, chorei bastante e quase fui preso... Como você bem sabe, nunca gostei da polícia... mas, de que adianta, nunca são tão rápidos quanto eu.

Vem cá nêga... vou pensar no teu caso. Saber se ainda vale a pena lutar pela sua causa, pois bem sei que nenhuma mulher vem de graça. Logo agora que Mariana, Julia, Fernanda, Carla, Priscila, Jéssica, Barbara, Érica e Paula... me fazem tão bem.

Mas calma nêga... tem espaço no meu coração para você também. Só não venha com exigências... ou querendo privilégios. Quando o dia clarear novamente, vendo você acordar ao meu lado, eu decido se você fica ou vai embora. Só não espere muito, se não souber ler todas as reticências do meu texto.


E como uma das revoltas que o originaram o Manual, viemos bradar aos 4 ventos:
ABAIXO AOS FALSOS HOMENS! Como disse Velhas Virgens:

Você é dessas meninas deslumbrantes
Que só namora com homens perfeitos
Corpo de atleta, cara de modelo
E na hora da febre nada feito


Que moda é essa que preza que o homem não pode trazer consigo, as dores da vida?

Que moda é essa que diz que o homem tem que demorar mais que a mulher quando se arruma?

Que moda é essa de homem que usa base, corretivo e esmalte para pintar as unhas?

Cadê o velho macho?

Cadê o homem que satisfazia a mulher sem toda essa frescura?

Sou homem das antigas.. Se isso é a moda.... me chamem de antiquado... me chamem Canalha Sentimental.

Jardel Maximiliano
Marcelo Marchiori

p.s. para complementar, este primeiro manifesto, apresentamos uma música deles... e boa sorte ao conhecerem velhas virgens.




Muito Bem Comida
Velhas Virgens

Agora você vem pedindo mais
E eu sabia que ia ser assim
Uma noitada daquelas não se esquece jamais
E eu te dei o melhor de mim
Você é dessas meninas deslumbrantes
Que só namora com homens perfeitos
Corpo de atleta, cara de modelo
E na hora da febre nada feito

Aí caiu nas mãos desse cervejeiro
Olhar matreiro e barriguinha pró
E eu te fiz gozar e ver a vida
Te fiz gemer até não ter mais dó
Põe tudo! Põe tudo!
Você gemia e pedia bis
Põe tudo! Põe tudo!
Na horizontal é que te fiz feliz

Aqui em casa você se encontrou
Já não quer mais cantar ou ser atriz
De avental fazendo o jantar
Já não quer mais desfilar nem ser miss
Eu de chinelo, a barba por fazer
Tomando "uma" e vendo futebol
Você tarada e sempre atrevida
Sabendo que tá muito bem comida.

Aí caiu nas mãos desse cervejeiro
Olhar matreiro e barriguinha pró
E eu te fiz gozar e ver a vida
Te fiz gemer até não ter mais dó
Põe tudo! Põe tudo!
Você gemia e pedia bis
Põe tudo! Põe tudo!

terça-feira, 17 de agosto de 2010

Distração - Terceira parte da Saga

Todos são tão fáceis de iludir. Fazendo uso de sorrisos forçados e piadas medíocres eu os engano. Vão baixando a guarda e diminuindo os cuidados sobre mim. Continuo trabalhando, saio às vezes, fico lendo, mas sempre antes de dormir rezo para meu amor e digo que logo estaremos juntos.


Voltei a estar com os amigos a jogar futebol, a comemorar aniversários. Cada dia que passa me torno melhor na arte de mentir. Vou espalhando as mentiras e escolhendo o melhor momento pra agir. Menti tão bem que até comecei a namorar algumas garotas. Logo me lembrei como elas são fáceis de manter sobre meu domínio. Dê a elas um pouco de insegurança e carinhos que elas são suas. Todas tão fáceis de enganar e tão diferentes do meu amor. Minha bela deve estar brava comigo, mas logo estaria com ela e recompensaria por tudo.


Tantas situações que consegui superar e mantendo minha firme convicção em meu objetivo. Não queria me matar de deixar tantas pessoas tristes por mim. Esperei tempos para que não vinculassem a morte do meu amor à minha. É melhor para eles viverem duas perdas pequenas separadas, do que juntas. Pelo menos isso consigo fazer, pois viver sem ela é impossível para mim.


Até que surgiu a Tabatha...


Ela era legal e sem educação. Basicamente isso. Eu estava lá com minha namorada e a Tab ficava me encarando. Era até bonita, mas logo vi que minha namorada havia percebido e já queria ir lá tirar satisfações. Eu me divertia bastante com a situação e logo minha garota precisou ir ao banheiro. Tab veio em minha direção me olhou nos olhos e disse que sabia bem o que eu queria e que estar com minha namorada não era o meu lugar. Tab me olha nos olhos e atrevidamente me dá um ultimato: Você têm três segundo para me beijar!


A maluca não espera que o tempo acaba, ela não olha em volta para perceber que minha namorada estava chegando, não têm juízo algum e logo me conquista.


Dois malucos agora, se beijando no meio da pista e uma namorada querendo me esganar. Muita confusão, explicações, desculpas e volto com Tab para casa.


Ví Tab outras vezes, saímos juntos algumas vezes, ela é escritora, vive disso e segundo ela seus ganhos lhe bastam para se manter bem tempo suficiente até o próximo livro. Tab é inteligente decidida e tempestuosa. É daquelas pessoas que não conseguem passar pela vida de ninguém sem destruir quase tudo e construir seus palacetes no lugar. È daquelas pessoas desastradamente sortudas, que encantam facilmente e te deixam sempre meio perdido. Ela me arrancava muitos sorrisos e me fazia respirar mais tranquilo.


Um dia Tab foi até minha casa. Já a tempos eu conseguia morar sozinho enganando o psicólogo que me atendia semanalmente. Com mentiras consegui fazer com que ele sugerisse à minha família que eu voltasse a morar sozinho. Ela pegou minhas chaves e foi até minha casa, meu lugar, meu espaço.


Tab mudou tudo de lugar. Jogou coisas fora, limpou tudo, abriu janelas. Entrou no quarto onde guardava as coisas do meu Amor...


Encontrou o vestido que minha amada mais gostava, um que eu havia comprado em nossa lua de mel e que já estava gasto o suficiente para merecer ir pro lixo, mas ele ainda tinha o cheiro dela...Tab o vestiu e gostou dele.


Cheguei em casa preocupado, gritei por Tab e ela disse que já ia. EU estava bravo, mas a casa tinha ficado até legal, mais limpa, melhor de viver. Fui até ela e a raiva me dominou, usando o vestido de minha esposa, Tab dançava e me chamava a dançar com ela.


Comecei a quebrar as coisas que ela havia trago, gritei com ela, a forcei a tirar o vestido a expulsei de casa. Tudo bem entrar em minha vida, mas jamais devia tentar substituir minha esposa. Ela é sagrada e nenhuma garota merece nem pisar o chão que ela tocou, quanto mais usar seu vestido.




Tab voltou um dia pedindo desculpas, mais gritos, mais grosserias...


Tab me ligou dizendo que ia começar a turnê de lançamento do seu novo livro no exterior e que gostaria de me ver antes. Não respondi, deixei tudo como estava, mesmo sentindo falta dela. Tab realmente mexeu comigo e não saia da minha cabeça, mas eu não estava preparado. Foi isso que Tab me ensinou, eu não estava em condições de ser feliz sem minha esposa. Chegou o dia em que começaria a viagem para o lançamento do livro e eu estava em casa. Sabia que a primeira pessoa que me fez bem em muito tempo estava partindo por um bom tempo e que a perderia, mas mesmo querendo, eu estava decidido a resolver tudo hoje mesmo. Decidido peguei a arma em meu quarto, tranquei a casa e me preparei. Finalmente chegara meu momento...



P.S. Eu espero realmente que este personagem encontre seu caminho, pois mesmo com o tempo, ele não se cala e me deixa descansar. Conto logo sua história e descanso finalmente.

terça-feira, 6 de julho de 2010

Planos*

Arrombaram a porta da frente hoje. A luz entrou cegando meus olhos. Eles chegaram perto e comecei a lutar. Sim, um moribundo consegue, e eu lhe digo de verdade, lutei, mesmo querendo estar morto. Sei lá é instinto, mas usei mãos e braços e lutei como não podia. Quebrei três dedos no processo e desloquei o ombro. Ouvi gritos e algumas pessoas me carregando para fora. Me amarraram em uma maca, me deram uma injeção e eu dormi.

Muitas luzes, muitas agulhadas e eu ainda amarrado.

Recuperei a consciência aos poucos. alguns amigos, meus pais, minhas irmãs.

Me lembrei que ela tinha morrido e quis ir junto dela. Lutei, rasguei as amarras que me prendiam e tiveram que chamar todos os enfermeiros disponíveis para em acalmar novamente.
Me deram muitos remédios e disseram que para mim não havia volta. Muito tratamento, e decidiram me internar em uma clinica psiquiátrica.


Mais remédios, e eu ficava cada vez pior. Era uma vida nebulosa. Eu engordava e quando os remédios faziam efeito eu só ficava esperando ela aparecer. Era como se nada estivesse acontecendo, e ela só tivesse saído para ir ao mercado e voltaria.


Mas sempre que os remédios paravam de fazer efeito eu voltava a lembrar dela e aquilo me matava mais ainda. Não sei como aguentava cada dia. Estava louco para sair de lá...


E sempre me lembrava que sair era voltar para minha vida vazia sem ela.


Um ano que ela morreu e me levaram ao túmulo dela. Aquele lugar onde chorei até minhas lágrimas secarem. Estava como um vegetal até chegar lá, mas ao ver seu nome na lápide, meus olhos se encheram de lágrimas novamente os remédios pararam de fazer efeito. Todo o desespero de não tê-la mais voltou à tona e eu caí novamente. Mais nebulosidade.

Me tiraram da clínica. Alguns comprimidos diários, visitas a psicólogos e eu estaria bem. Voltei a trabalhar e a morar com meus familiares. Mas eles não viram quando juntando um pouco das minhas economias eu comprei uma arma. seria logo que estaria junto dela...


JArdel Maximiliano

* Alguns personagens crescem, tomam conta, ocupam um grande espaço em minha cabeça, tomam controle. è exatamente o que aconteceu com este nosso amigo. Não quis terminar sua história no texto anterior, veio atormentar cá meu pensamentos e exigir que toda a história fosse contada. Mas fiquem tranquilos que logo, logo ela vai acabar!

sexta-feira, 2 de julho de 2010

Por que ela me deixou?

Não consigo acreditar ainda. É demais para mim. Vou pegar outra garrafa. Abro com os dentes mesmo. De que adianta eles, se não for para sorrir ao vê-la chegar ou mordiscar sua orelha?

Linda, linda e já não está mais comigo. Meia garrafa em um gole. Acho que hoje consigo dormir finalmente. Estou a dias sem sair de casa. Os amigos ligam, deixam mensagens, batem na porta, mas finjo que nada está ocorrendo. Gostaria que eles me esquecessem, gostaria que o mundo morresse.

E eu que tantas vezes não disse que a amava e agora é tarde demais. Não adianta pegar o telefone e ligar para ela pois sei que não vai atender de jeito algum, e esta certeza me joga mais fundo ainda. Mais bebida por favor! única coisa que entrou em minha boca nos últimos dias foi estas garrafas. Ó doces Companheiras, não em abandonem como ela. Lembro como ela me esperava chegar do trabalho, das lágrimas quando brigávamos, dos bilhetes apaixonados e do sexo avassalador. Nunca mais, não há volta, o que esta feito, está feito e o mundo não volta atrás. quero ela de volta, quero realmente ela de volta. Mundo sem sentido sem ela, vida sem sentido.

Lembro dos beijos pela manhã e de como ela vigiava meu sono. Lembro quando nos casamos e eu só pedia para não acordar daquele sono porque eu estava ali com a mulher mais linda do mundo e nos amávamos. Ela sempre me esperava depois do trabalho e me contava como fora seu dia.

Até aquele dia.



Ela foi ao médico. Uma pequena mancha, nada de grave, só mais alguns exames.



Os exames mostraram que não era somente uma mancha e meu amor estava muito doente.

Larguei o emprego, buscamos tratamento mas ela estava morrendo. Tantos hospitais e no ultimo dia eu fugi com ela. Carreguei-a no colo até a nossa casa. Casa que compramos para encher de filhos e para sermos felizes para sempre. A casa com o jardim que ela cuidava e a bicicleta que ela sempre usava. Casa onde fizemos amor loucamente e onde viveríamos para sempre. Esta casa se tornou a casa onde meu amor morreu!

Coloquei-a na cadeira da varanda. Peguei cobertas para que ela ficasse confortável. DEUS, eu não fui o melhor marido para ela e ela fora a melhor mulher para mim. Eu disse tão pouco que a amava e demonstrei bem menos do que podia. Só mais um tempo, não a leve agora.


Com um fio de voz ela me chamou para perto, disse que estava chegando a hora. Eu chorava pedia para ela parar, mas ela sabia. Eu chorava e chorava e queria que tudo acabasse para mim em vez dela, rezei a Deus que me levasse e não a ela. Pedi desculpas a ela por tudo, por não ter vivido mais com ela, por não ter conhecido ela no berço para poder viver mais ao seu lado. Ela disse que eu era um bobo e com um sorriso no rosto me disse:

-Você me fez a mulher mais feliz do mundo!

Nos beijamos. Nosso último beijos. Seu último suspiro...







Pearl Jam
Last Kiss
Composição: Wayne Cochran

Oh where, oh where can my baby be?
The Lord took her away from me.
She's gone to heaven, so I've got to be good,
So I can see my baby when I leave this world.

We were out on a date in my daddy's car,
we hadn't driven very far.
Up in the road, straight ahead,
a car was stalled, the engine was dead.
I couldn't stop, so I swerved to the right.
I'll never forget, the sound that night--
the screaming tires, the busting glass,
the painful scream that I-- heard last.

Oh where, oh where can my baby be?
The Lord took her away from me.
She's gone to heaven, so I've got to be good,
So I can see my baby when I leave this world.

When I woke up, the rain was pouring down.
There were people standing all around.
Something warm flowing through my eyes,
but somehow I found my baby that night.
I lifted her head, she looked at me and said,
"Hold me darling just a little while."
I held her close, I kissed her--our last kiss.
I'd found the love that I knew I had missed.
Well now she's gone, even though I hold her tight.
I lost my love, my life-- that night.

Oh where, oh where can my baby be?
The Lord took her away from me.
She's gone to heaven so I've got to be good,
So I can see my baby when I leave this world.

segunda-feira, 21 de junho de 2010

Prova de Amor

Chovia muito e ele já estava com os pés molhados. O frio já atingia os ossos e causava um desconforto maior.
Andava pelas ruas de cabeça baixa e as mãos nos bolsos. Aparentava carregar nos ombros o peso do mundo. Estava curvado e cada passada era como se seus pés pesassem uma tonelada. Abandonara o carro pelo caminho, pois o trânsito e a idade do carro o deixaram bem menos efetivo que uma caminhada. A chuva aumentava e pouco a pouco a água subia e os bueiros já não davam conta do volume. Formava-se uma enxurrada. Parecia que o fim do mundo chegara na forma de uma inundação e não haveria barco algum que pudesse ser nossa salvação.
Mas ele continuava. A água já estava em seus joelhos e ele só queria chegar à casa de sua amada. Para completar o clima apocalíptico as luzes dos postes se apagaram e para continuar avançando ele precisaria se orientar pelas luzes acesas nas janelas das casas pelo caminho.
Sentia o cansaço no corpo, mas não desistiria, não dormiria em lugar algum que não fosse ao lado dela. A chuva desistiu de suas investidas e pouco a pouco foi escasseando. Conforme ele cruzava os bairros a água ia baixando até não apresentar mais incomodo nenhum. Ele já estava perto de casa e agora só era movido pelo desejo de beijá-la e colar seu corpo ao dela.
Abriu o portão e já gritou o nome dela. Ela aparece na porta, em sua face pode-se notar claramente a aflição e toda a preocupação que sentira à espera de seu amado. Se abraçaram. Ele totalmente molhado e com os sapatos sujos de barro. Ela cheirava a conforto, a tranquilidade , cheirava a uma boa noite de sono e descanso. Esbravejando ela o mandara direto para o chuveiro para que tomasse um bom banho quente. Ele foi, sabendo que aquilo era só uma falsa irritação, sabia bem o quanto ela o amava e que aquilo era só para mascarar o alívio que ela sentia ao vê-lo bem e em casa.
Já seco e limpo, ela o esperava com roupas secas e um café bem quente. Se abraçaram e trocaram um longo beijo que ascendeu o fogo em ambos. Foram para a cama e ela sem aguentar mais logo perguntou:
E sua esposa?
Olhando-a com olhos de sincera felicidade ele respondeu:
Meu amor, está tudo acabado! Pedi o divórcio e posso finalmente ser totalmente seu!
Se beijaram na certeza total de que todo o esforço para estarem juntos havia valido a pena. Hoje os dois amantes puderam ser totalmente um do outro...

sexta-feira, 18 de junho de 2010

Acho que na sociedade actual nos falta filosofia. Filosofia como espaço, lugar, método de refexão, que pode não ter um objectivo determinado, como a ciência, que avança para satisfazer objectivos. Falta-nos reflexão, pensar, precisamos do trabalho de pensar, e parece-me que, sem ideias, nao vamos a parte nenhuma.

Revista do Expresso, Portugal (entrevista), 11 de Outubro de 2008

http://caderno.josesaramago.org/


Obrigado José Saramago.

quinta-feira, 17 de junho de 2010

Baseado em Amores Reais

Foi por ela que perdi o sono. Foi muito estranho, pois fiquei um dia inteiro pesando em outra. Eu sei que gosto é desta que toma meus pensamentos, mas sonho com a outra.
A garota em quem eu penso me tira o ar quando surge, ela é linda e sabe me encantar.
A garota dos meus sonhos chega como um furacão. Ela nunca deixa nada inteiro em seu caminho. Eu em meu canto, entretido com minha vida, não saí a tempo e a garota dos meus sonhos me arrastou para o caos que a governa.
A garota dos meus pensamentos é calma, confusa e têm medo, mas nem ela sabe bem do quê.
A garota dos meus sonhos chega já olhando nos meus olhos, não precisamos dizer muita coisa, os corpos instantaneamente se acendem e o fogo queima. Nossos corpos precisam estar juntos, só isso. E amanhã calmamente ela segue seu caminho.
A garota em quem eu penso merece cuidados. Ela é como uma rosa que exige mimos constantes e quase sempre retribui com espinhos , mas eu sinto falta dela.
A garota dos meus sonhos somente precisa de mim. Só isso. Ela é estremante impulsiva e já faz um tempo que ela não resiste quando estou perto. Ela muda sua rota somente para estar cara a cara comigo. Ela sempre me provoca.
A garota dos meus pensamentos têm medo que eu desapareça e justamente por isso fica distante. Tenta com isso me esquecer. Mas será que estando longe não aumentará a vontade de estar comigo?
A garota dos meus sonhos sabe que não podemos ser um do outros. Nosso tempo sempre é curto, mas é intenso de uma forma que faz parecer que o mundo acabará em breve. E ela em ama neste curto tempo. E sempre sabe que nossas vidas seguem até o próximo reencontro.

Eu gosto das duas. Cada uma me cativa a seu modo. Fico com meus sonhos, mas ao acordar volto para meus pensamentos. E a bigamia de meus corpo e minha mente se mantém até o momento em que tenha motivos suficientes para escolher uma só. Mas deixa que a vida segue emocionante e tanto como elas não decidem, fico aqui vivendo esta vida dupla, vida de noite e vida de dia.


E resgatando os versos de uma música antiga...


Dois Amores - Fernando Mendes
Eu tenho dois amores,
Que nada são iguais,
Mas não tenho a certeza,
De qual eu gosto mais,

Eu tenho dois amores,
Que nada são iguais,
Mas não tenho a certeza,
De qual eu gosto mais,

Uma é loira e me oferece,
Tanto amor tanta ternura,
É por isso que eu a quero,
Com a paixão e com a loucura,

Uma loira outra é uma morena,
Que me faz enlouquecer,
Muito embora tão pequena,
Ela é muito mais mulher,

Eu tenho dois amores,
Que em nada são iguais,
Mas não tenho a certeza,
De qual eu gosto mais...


Meu coração continua,
Sem saber o que fazer,
Se é melhor amar as duas,
Sem nenhuma perceber...

Que esse encanto não se acaba,
Eu já pensei mais de uma vez,
Pois enquanto elas não sabem,
Somos felizes os três...

Eu tenho dois amores,
Que em nada são iguais,
Mas não tenho a certeza,
De qual eu gosto mais



Jardel Maximiliano

sábado, 29 de maio de 2010

Essa moleza vai acabar

Já faz um tempo que ando muito inspirado para escrever para o Manual. Foram textos tratando dos mais diversos assuntos pertinentes à nossa causa. Sempre que ficavam prontos eram apresentados a algumas de nossas leitoras. A seguir, eram feitas as correções e eram postados ou arquivados.
Uma parte destes textos não foram publicados por possuírem finais trágicos. Isso ocorreu a pedido de leitoras que sugeriram que somente os de final feliz deveriam chegar a público, pois isso traria um clima bom e estaria mais de acordo com o clima de esperança que paira no ar deste a virada do ano.
Aceitei a sugestão, mas isso não fez com que a produção diminuísse. Os arquivos foram ficando lotados e quase me afogo em um mar de manuscritos espalhados pelos meus cadernos, armários, mesa do computador e até na carteira. Devido a isso tomei a decisão de publicar estes textos.
Já não é mais possível fingir que nossa vida é feita só de vitórias. Não dá para esconder o sangue e as cicatrize de nossas batalhas ou a face molhada com nossas lágrimas. Uma hora tudo isso viria à tona. É exatamente como quando escondemos um sentimento. Ele continua crescendo dentro de nós até o ponto em que explode e teremos que lidar com as catastróficas conseqüências.
Sei que a publicação deste material derrubará ilusões. Recuso-me a pedir desculpas por isso. A vida não é fácil para ninguém e o mundo consegue ser bastante cruel. Para alguns a maior chaga é o amor, para nós, Canalhas Sentimentais, é a covardia.
O amor desafia, provoca, ilude e engana, mas se tratado com jeito trás ganhos imensos.
EStes textos que ficaram guardados servem para mostrar que as coisas podem sim dar errado, mas que nem por isso deixamos de tentar. Despidos das ilusões poderemos ir em busca do amor deforma consciente sabendo que nem tudo são flores e estaremos aptos a levantar se cairmos. Eu estou pronto. E você?


Jardel Maximiliano


terça-feira, 20 de abril de 2010

Da tristeza dos homens

Se não podemos vencer, nós, simplesmente, fugimos. Não podemos, de forma alguma, nos juntarmos a elas. É o passo para perder os limites, a estribeira, o juizo, o trabalho, a casa, o resto de dignidade... tudo mais.
Nós homens, somos muito fracos, bem mais fracos que voces, mulheres. Nossa recuperação é lenta, nossas feridas, bem mais profundas.
Homens que nunca aprenderam a chorar, daí, quando é hora de chorar, fazem um papelão. Saindo pelas tangentes e nunca olhando nos olhos.
Criaram um mito, maluco, de que o sofrimento do homem é alegre. "Mais uma dose, campeão. Hoje eu deixei aquela vaca pra trás." Mas nunca dizemos todas as outras coisas que deixamos pra trás. Felicidades que vivemos, esperança e planos de que seriamos, finalmente, felizes.
Não se trata do sofrimento eterno. Chore agora, chore depois e chore ainda mais. É só um pouco menos de canastrice e um pouco mais de autenticidade, que não faria mal a ninguém.

Marcelo Marchiori

quinta-feira, 15 de abril de 2010

Sete anos depois ela surgiu...

Quando resolvi ganhar o mundo ela tinha apenas 13 anos. Era uma menina com sonhos, ilusões e planos que só reforçavam sua inocência.
Eu já estava preparado para ir em busca do que sonhava e sabia que logo enfrentaria a realidade.
Hoje tenho o corpo cheio de marcas, as mãos calejadas por causa dos trabalhos que tive que fazer e a alma envelhecida pela experiência com o mundo. Diante das coisas que sofri, o pão que o diabo amassou com o rabo teria gosto de bálsamo. Mil vezes troquei meus sonhos por migalhas. Vi minhas ilusões caírem por terra e tive que lutar muitas guerras para finalizar meus planos. Perdi muito e ainda sinto o sabor amargo da derrota em minha boca.

E ela reaparece em minha vida...
Traz de bagagem as lembranças do que eu era. Traz um ar de nostalgia e me faz sonhar novos sonhos. Mas mesmo ela chega diferente. Ela também recebeu a parte que lhe cabia da vida.
Chegou querendo alivio de seu mundo e acabamos juntos...
Ambos descobrimos nossos corpos junto e agora diferentes pelas vivencias. Trocamos experiências em assuntos que somente a pratica ensinaria. Amamos-nos como dois pagãos e tão intensamente que uma semana fora uma vida inteira, mas passara em um segundo.
Dois adultos se amaram, o amor adormecido de dois adolescentes.

E chegou a hora de ir embora. Na despedida os corpos não queriam se afastar. As almas respiravam satisfeitas e descansadas. Os corações batiam no mesmo compasso.
Um beijo de despedida e uma gratidão mútua pelos bons momentos juntos.
De volta a suas vidas, cada um levava a lembrança daqueles momentos infinitos que duraram o tempo de um suspiro, intensos como deviam ser. E sim, posso dizer com toda a certeza: aqueles momentos ficaram para sempre marcados em nossas almas e nunca esquecermos aqueles momentos de entrega em que fomos totalmente um do outro...


Jardel Maximiliano

terça-feira, 13 de abril de 2010

Livre de rascunhos

Somos os únicos blogueiros analógicos de que tenho notícia. Escrevemos tudo em pequenos cadernos, que andam para todos os lados, juntos de nós. Cadernos surrados, rasbicados por vagabundas canetas. Qualidades nossas, ora surrados, ora vagabundos. Mas, isso, não é apenas charme, não que um caderninho, que leva tantas histórias, poesias e desenhos, não seja muito charmoso, mas a causa príncipal é outra. O fato de que, a criatividade, nunca tem hora marcada para chegar.
Quem nunca teve a idéia da vida dentro de um ônibus lotado? Sem caneta e nem papel? Por conta disso, houve uma vez que, apesar da minha timidez, tirei do meu bolso meu mp4 e narrei, em alto e bom som, para quem quisesse ouvir, uma história maluca sobre um escritor maldito e fracassado, em sua incursão pelo mundo da auto-ajuda. Deu certo, apesar de alguns risos abafados e olhares de reprovação, mas escrever, é sempre melhor.
O meu antigo caderno pesa alguns quilos e é verde. Sobre a parte de ser verde, é verdade... quanto aos quilos, é, obviamente, uma afirmação simbólica.
Um ano e alguns meses de minha conturbada vida. Por isso, ele está lotado de momentos gloriosos, cheio de outros momentos de vergonha e, isso tudo, sem ma menor intenção de ser um diário.
Escrever é um ato doloroso. Não há escrita, seja artistica, científica ou em papel de pão, que não denuncie um pouco do seu interlocutor, que não revele um pouco de sua história. A mentira tem perna curta e a mentira tem letras tortas.
Sempre me deu a impressão que serei completamente desnudado em meus textos. Que minhas fraquezas ficaram expostas, explicitas, disponíveis para qualquer um voyer.
Me preocupava muito com isso... já não me preocupo mais. Hoje, publico para me livrar dos rascunhos.

quinta-feira, 8 de abril de 2010

Desejo

...e naquele momento ele chegou mais perto. Roçou de leve os lábios no pescoço dela e sentiu seu corpo estremecer. As mãos correndo pela cintura, tomando-na em um abraço firme. Corpo colado com corpo, pressionada contra a parede, respiração ofegante... e estavam apenas começando, apenas se conhecendo.
Ela recua um pouco. Coisa de mulher. Finge que estão indo "rápido demais". Ele faz o seu papel e ignora qualquer simulação. Antes dela levantar os braços para empurrá-lo, é segurada, colocada mais ainda contra a parede. Braços presos pra baixo, daí ele aproxima a boca e ela já mal resiste, aliás, não resiste em nada... procura por ele.
Cada um se "faz de difícil" ao seu modo, o rapaz vira o rosto, mas sabe que pode ser mais interessante e lhe beija o pescoço, novamente. Talvez a tentativa de fuga dela, nem fosse mentira, mas agora pouco importa. Mal ele largou suas mãos e a deixou solta e ela já usa a mão para embolar a camisa dele e puxar, não deixar que ele fuja, mesmo que não haja nenhuma intenção disso.
Algoz e vitima... fica difícil saber quem é quem quando os corpos mal se separam e dois são quase um.
Esqueci de dizer, que a porta do apartamento continua fechada e ainda estão do lado de fora. Ele só havia sido um cavalheiro de levá-la em casa. O que aconteceu antes, não importa, todos e, principalmente, os dois, querem é saber o que vem depois.
Ela resistia abrir a porta que, uma vez atravessada, não haveria mais retorno... se é que ainda existe algum. Lembremos, que a boca dele continua em seu pescoço e ela gosta muito. Em pouco tempo, os sons dela, ficariam mais altos e alguém poderia sair pra saber o que acontece. Junto a isso, ele utilizou suas mãos, dedos e polegares opositores, marcas da evolução humana. Segurando a cintura dela, pressionando, esfregando os dedos calmamente... calmos, porém firmes. O corpo dela se entregava ainda mais, pressionava ainda mais contra ele, como se fosse possível estarem mais pertos.
Não tinha mais jeito, tinham que entrar... ela havia gemido mais alto que o permitido e alguém tenta abrir a porta pra saber o que acontece. Entre risos, correram para a porta e, num passe de mágica, abriram-na, entrando no apartamento, aos tropeços.

Pausa para respirarem...

Ela tenta dizer algo, mas ele já volta a beijá-la. Os dois caem sobre o sofa... ele continua a beija-la... descendo por seu corpo. A barriga dela... ponto fraco, ou melhor, ponto forte de seu desejo. A lingua dele contorna suas curvas, a mão segura a calça e a roupa intima... a partir daí, é a intimidade deles e a imaginação do leitor.

sábado, 27 de março de 2010

Maltrapilho Saltimbanco

Decisão tomada! Iria sim, com as roupas e as armas de Jorge, ceifar os campos vastos da conquista.

O sotaque musical, o olhar meigo e quase angelical, escondendo por entre os lábios a malícia própria dos seres de saias e saboneteiras proeminentes. Combinação altamente incendiaria, digna do Sr Viatcheslav Mikhailovitch Molotov.

Ledo engano maltrapilho saltimbanco ... os tempos não estavam para guerra. Embalado por Dionísio e, com a habilidade de quem subiu no trapézio em tempos remotos, atirou-se em queda livre .... cada vez mais longe de seus planos. Enquanto caia, observava entorpecido que estava, afastar-se na mesma proporção e velocidade as saboneteiras, os lábios, o sotaque ... o sotaque, de tudo o que poderia ter sido, foi o que permaneceu musicalmente de toda a sua desaventurança.

quinta-feira, 4 de março de 2010

Mal Entendido

Ela sabia bem o que queria. Encarava o sujeito nos olhos para que dúvida alguma pudesse surgir. Ela estava descaradamente interessada nele.

O pobre coitado já não sabia mais o que fazer, notara a garota ao chegar à festa. E ela não deixava dúvidas que o queria. Pegou uma cerveja e foi até a garota.

Conversaram a noite toda e o clima foi esquentando. A distância entre os corpos já diminuira e os sorrisos já não saiam dos lábios. Até que ela tomou a iniciativa, avançou em sua direção e ao colar o corpo ao dele, tentou beijá-lo. Inesperadamente ele a rejeitou. Disse que havia ali um mal entendido. Disse que havia adorado ela, mas que ele era comprometido, e não trocaria mulher alguma pela sua. Pediu desculpas pela má interpretação, não deveria ter conversado tanto com ela, mas Omo ele disse: Estávamos apenas conversando, você é interessante, mas eu sou fiel!

Ela desolada e cheia de vergonha, bebeu muitas outras doses e foi embora. Orgulho ferido e confusa.

E ele continuou bebendo com os amigos e estes lhe perguntaram por que não havia ficado com ela, sem pestanejar disse que era fiel e que estava feliz com sua mulher. Foi para casa e ligou ainda para sua amada dizendo que estava com saudades queria ver ela naquele momento, ela aceitou, mas ao ver ele meio alcoolizado, xingou bastante dizendo que naquele estado, devia ter “chegado” na festa inteira. E em sua cabeça ele pensava que até brava ela ficava linda, e que valia o esforço, mas que ela sabia ser chata, isso ela sabia.

E a garota que levou o fora, chegou em casa e tomou um bom banho para tentar lavar o fracasso da noite. Estava louca pelo sujeito e ele a rejeitara. E antes fosse por não ter gostado dela. Mas ele não ficara com ela, porque gostava de outra. E ali pensando na história toda, sentiu inveja daquela mulher que tinha o coração e a fidelidade daquele sujeito tão interessante. Soltou um longo suspiro e na cama rezava a todos os seus santos para que um dia encontrasse um homem destes para sua vida.

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

Fulana

A imaginação dos homens é povoada por fulanas. Mulheres ideais, que povoam as rodas de amigos, o intervalo de futebol de rua dos muleques ou a cerveja de fim de semana. Por que as fulanas são coletivas, criadas através dos boatos, das lendas e imaginação de homens e meninos em todo o mundo.
São aquelas mulheres que fazem coisas inacreditáveis, são aquelas pernas de louça das moças que passam e não podemos tocar. Fulanas de alegrias e tristezas. Fulanas que instigam a conquista e fulanas que fazem o coração doer tanto, que era melhor nem ter coração, como a tal fulana.
Mas, apesar de tudo, fulanas são de carne e osso... e que carne! Possuem R.G., CPF, telefone, endereço e tudo mais. O que faz uma fulana, não são coisas a menos, mas coisas a mais. São fulanas, por que prendem nosso interesse, nossa atenção e nossa curiosidade.
Como são reais, as fulanas, seguem uma linha no tempo, ganham experiência, se tornam mais completas. Para os pré-adolescentes, a fulana já beija. Menina avançada pro próprio tempo. Muitas vezes, essa fulaninha, já tem algumas formas de mulher... os seios que, mesmo pequenos, já marcam a blusa, a cintura que se destaca curvilínea e o quadril, que não precisa de maiores detalhes. E por falar em quadril, depois que já experimentamos o primeiro beijo que espetacular é aquela fulana que, dizem, deixa passar a mão na bunda. E nosso colega mais ousado volta triunfante contando a façanha, dizendo o quanto é feliz por ter mãos e ser homem, quando na verdade é só um menino e tremia como vara verde diante a desenvoltura da garota, tão mulher.
O tempo passa, a primeira vez acontece e as coisas não são tão surpreendentes quanto eram. Claro que existem mulheres especiais. Possuem seus segredos, suas táticas. Levam homens a loucura, deixam-nos sem chão. Mas o poder do mito é apenas para algumas.
_ Fulana fica com fulanas.
Meu Deus, como pode existir uma mulher assim? Tem consigo o poder de realizar a fantasia de tantos homens. Não que ela vá realizar, ou que tenha mesmo interesse por ‘meninos e meninas’, mas a curiosidade, a capacidade de posar de fulana é que fala tão alto.
Daí, de fulanas em fulanas, vamos envelhecendo. Às vezes é uma fulana que dança muito bem, às vezes é uma fulana que fala marxismos, como a de Drummond. Mas são todas fulanas, são quase intocáveis. Bem, na verdade, são possíveis de se tocar, mas a essência da fulanisse é o mito e, sinto informar, mitos se desfazem no ar.
É então que aparece sicrano em nossa história. Sicrano é mais um qualquer, sem nada de especial. É difícil demais um sicrano se destacar num mundo de fulanas, mas, como o mundo é caixinha de surpresas, sicrano chamou a atenção de fulana. O que essa tem essa fulana? Fulana é linda... daquelas que fazem os homens pararem com seus afazeres. Do tipo que Caymmi nos disse que “mexe com as cadeiras” e acaba mexendo “com o juízo do homem que vai trabalhar”. Sicrano realmente teve sorte.
Como ele não cometeu nenhum grande erro, fulana se entregou a sicrano e blá blá blá. O lógico seria fulana se desmanchar. Todos os efeitos e mitos de fulana caíriam por terra e ficaria só Maria, ou Patrícia, ou Juliana, Cristina... mas não, Fulana [essa com F maiúsculo mesmo] permaneceu fulana.
Todos os pequenos defeitos, todas as fraquezas de Fulana só serviram pra transformar Fulana em mais FULANA. Claro que sicrano ficou impressionado com aquilo. Fulana ria e sicrano sorria junto, todas as expressões de raiva, as pequenas chantagens e até mesmo os grandes dramas só mantinham a fulanisse daquela que poderia ser uma simples Gertrudes. Sicrano não tinha explicações sobre o fato. Talvez fosse o momento, talvez fosse uma questão inconsciente lá da fase edípica, ou sabe-se lá mais o que. Podia ser tudo junto, mas, sinceramente, sicrano dá pouca atenção a qualquer uma dessas coisas. Com uma fulana como essa no mundo, sicrano não precisa de explicações.

sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

Cingido

E chegamos ao derradeiro momento do Canalha. Em que as dúvidas o atormentam e ele precisa tomar uma decisão em sua vida...

Ele não queria se apegar a ninguém. Decisão tomada, decisão cumprida!
Após muito viver e sofrer em seus relacionamentos, ele decidira que de modo algum se apegaria a alguém. Ficaria com as garotas, as que oferecessem algo melhor, ele ficaria mais tempo, mas as que fossem para uma noite só, seria somente isso. Por mais que gostasse não iria até o ponto em que rolasse o envolvimento. O mais estranho é que justamente por praticar o desapego, mais mulheres se apegavam a ele! Ao notar que ele não procurava, elas viriam atrás dele.

E ele agiu assim por um bom tempo. As garotas vinham e voltavam sem deixar marca alguma. Sofria bastante no processo, pois nem sempre o que falamos da boca pra fora é o que conseguimos sentir. Ele agia na base do desapego, pegando todas as garotas que queria, mas ainda sentia o vazio desta pratica. As mulheres viraram apenas um modo de satisfação dos desejos da carne e isso feria bastante muito seu lado Sentimental.

Mas todos sabemos. Deus adora contar piadas com nossa vida. Se você quer pegação arruma alguém e acaba se apaixonando, se é gandaia que procuramos, acabamos achando a pessoa certa. E foi o que aconteceu com nosso amigo.

Ela apareceu meio sem querer. Noite de balada, amigos em comum, muita bebida, musica alta, conversa ao pé do ouvido, olhares intensos trocados, um beijos, seguido por muito outros...

Ele voltou para casa feliz, ela era linda e muito interessante, mas como havia decidido, sem se apegar.

Mais gandaias, outras mulheres, e novamente se encontraram. Olhares, conversas, aproximações, meia luz, beijos intensos, daqueles de ficar sem fôlego...

Manter distância, segurança, afastamento.

Mas a vontade de se ver crescia, de ambas as partes e nenhum dos dois queria se envolver profundamente com ninguém. Crise, discussões, outras bocas beijadas, mas só havia saciação quando os dois estavam juntos.

E chegamos a este momento:
Ele não quer perdê-la! Sabe que para mantê-la será preciso renunciar a todas as outras. Mulheres que lutara tanto para conquistar, que ofereceram resistência, brigas homéricas e que neste momento estavam a seus pés. Mas a questão é básica: era ela que ele queria. Dentro dele sabia perfeitamente que poderia ser outra decepção, mais uma derrota, e que escolhendo ela, ele perderia todas as outras e ele duvidava se era aquilo que realmente queria. A vida de esbornia oferece vantagens, mas nem sempre ela oferece a satisfação que queremos. Ele estava perdido e sem saber o que fazer. Escolher uma era abandonar todas as outras e se perguntava: Ela valia a pena?
Era o seu momento de escolha, todos os olhares estavam sobre ele, o mundo o observava, estava completamente cercado: O que fazer?

sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

Admirador Secreto

Ela não era a mais linda da classe e justamente por isso, estava ansiosa. Qualquer uma poderia ter sido escolhida, porque ela?
Desde pequena não pode dar-se ao luxo de ser vaidosa. Carregava nas costas o peso de ajudar a criar os irmãos menores.
Seu pai a muito fora embora deixando sua mãe sozinha. A ela, por ser mais velha, cabia o papel de ser a verdadeira mãe dos garotos. Com uma vida assim, ficava difícil pensar em se maquiar para ir para a aula, e nunca sobrava dinheiro suficiente para comprar roupas novas e da moda, fazendo com que nossa garota se sentisse sempre muito apagada junto aos demais de sua idade. Enquanto tantos lutavam para atrair atenção e serem notados pelo que aparentavam, ela só queria ser feliz e poder ser uma jovem normal.
Nunca tivera sorte no amor. Achava-se feia, sem sal, jamais um cara legal a notaria. Mas Alguém notara.
Estava lá no meio de seus cadernos, um bilhete com juras de amor e uma promessa de que na hora certa ele se apresentaria. Achou que era só uma brincadeira de mal gosto dos demais colegas que não perdiam a oportunidade de caçoar dela, resultado: o papel foi jogado no lixo.
Mas mais bilhetes apareceram. Ela tentara de mil formas descobrir quem era, perdendo muitas vezes o intervalo, mas não adiantava.
Aos poucos, ela foi gostando daquilo. Ter alguém que a notara e gostava dela fazia com que ela se sentisse melhor, como se não estivesse sozinha contra o mundo em sua batalha diária.
Nas horas vagas ficava imaginando como ele seria. Se fosse baixinho, seria ruim, pois ela se sentiria desconfortável e provavelmente sentiria dor nas costas por se curvar para beijá-lo. Se fosse alto, seria legal, pois ela achava que homem deveria ser maior que a mulher igual ela via nas novelas, mas de jeito algum deveria ser muito alto, pois assim, ele logo a largaria por causa da dor nas costas. Se fosse loiro seria bem legal, mas ela preferia os morenos. Ficou um bom tempo pensando se um cara de pele escura beijaria bem melhor que os outros e prometeu a si mesma que um dia ficaria com um mulato para saber se era bom.


Será que era forte?
Que usava óculos?
Que jogava futebol?
Que tinha muito amigos?


Certa vez na saída da aula, um rapaz se levantou e esbarrando com ela, disse baixinho ao pé do ouvido:
- Você é tão cheirosa quanto eu imaginava!
Ela ficou tensa e não conseguiu esboçar reação alguma quando o rapaz foi se afastando deixando ela com o coração a ponto de explodir boca afora.
Finalmente ele se revelara!

No dia seguinte ele não fora a aula, e nem na semana seguinte. Ela estava triste e coma certeza que nada no mundo era pra ela. Finalmente encontrara um cara romântico, bonito e que estava interessado nela e ele desaparecera. Já aceitava a derrota amorosa e jurava para si mesma que nunca mais se entregaria a paixões levianas assim. Coisa de menina!
De volta à monotonia do seu dia, das responsabilidades sufocando e nada de bom para se viver.

Um dia ele reapareceu no final da aula. Disse que não estudava mais naquele horário, pois seu pai resolvera que o outro seria melhor para seus estudos, mas prometera que assim que desse voltaria para vê-la. Virou as costas e correu para o carro sem olhar para trás. Novamente ele ia embora a deixando sozinha, mas desta vez com esperanças de que se veriam novamente.

Mais uma longa espera...

Outro bilhete em meio aos seus cadernos:

“Podemos nos ver hoje no bosque da Escola”?
Lá pelas 17 hs. Por favor, apareça, pois não sei quando poderemos estar juntos novamente!

Com Amor,
.................... “

Ela esperou! Esperou fazendo mil orações, com medo que ele não aparecesse. Que fosse zoação, que de uma hora pra outra todos que caçoavam dela surgissem detrás das arvores dizendo que novamente ela fora enganada. Que ele não ia chegar, que ele poderia ser atropelado pelo caminho, que ele encontrou outra e com ela foi morar e muitas outras coisas que só faziam aumentar sua angustia.
Ele estava meia hora atrasado e ela já aceitava o abandono.
Triste, chorando, resolveu ir embora junto com o pouco de dignidade que ainda restava.
Mas eis que ouve alguém gritando seu nome. Com as lágrimas molhando o rosto ela se vira e vê seu amado correndo em sua direção. Quando chega perto dela, ele toma um pouco de ar, mas já vai logo pedindo desculpas pelo atraso. Que infelizmente não conseguiu carona e o ônibus atrasara.
Ela limpava as lágrimas, rezando para que ele não visse. Escondia a alegria dele estar ali, atrás de uma máscara de irritação pelo atraso. Mas ela não agüentou manter as aparências por muito tempo. Afinal, ele a pegara em seus braços e ela se entregara.
No ultimo momento ainda teve forças para perguntar por que ele não se revelara antes, porque se escondera por tanto tempo.
Sem pestanejar ele apenas disse:
- Eu tinha medo que você não gostasse de mim, afinal, você era a melhor dentre tantas, era única para meus olhos.
É... amar nunca é fácil e tranqüilo em qualquer idade. Ele para, tira o mp3 do bolso e coloca nos ouvidos dela. Uma música antiga envolve o ambiente:

“... Every time I see you falling
I get down on my knees and pray
I'm waiting for that final moment
You'll say the words that I can't say

I feel fine and I feel good
I'm feeling like I never should
Whenever I get this way, I just don't know what to say…”




Vão os dois embora, de mãos dadas, sorrindo em toda a felicidade que ambos merecem, afinal, às vezes, o amor dá certo.

sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

Vou Fugir Praí


Quando bate a saudade eu vou pro mar, fecho meus olhos e sinto você Chegar....

Vou fugir praí
enamorar-me contigo
Escrever seu nome no céu
roubar estrelas para criar uma galáxia só para você.
Contar-te histórias bobas só para ver teu sorriso surgindo
chorar várias vezes para ganhar o teu acalanto
Dormir em seus braços para poder acordar e ter como primeira visão do dia, teu corpo aninhado com o meu
Dar-te presentes e fazer surpresas para você não se entedie
Levar-te a lugares que você já foi mil vezes e te deixar tão bem que você vai achar que é a primeira vez
E sempre será
cada dia será um dia novo e cheio de possibilidades contigo ao meu lado
E sim, vêm seqüestrar-me logo, pois só nos resta a eternidade para sermos felizes juntos
e acho que mesmo isso não é tempo suficiente para estar contigo
Vem, vem logo, que te espero

quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

Homem de má sorte


Chove lá fora como se Deus tentasse lavar tudo que há de ruim no mundo, e ele estava fracassando no processo. Nem um novo dilúvio iria acabar com tudo. Deixe-o em suas tentativas vãs. Tenho preocupações demais na minha vida para me importar coma humanidade.
Minha cabeça dói por estar a tempo demais trancado no quarto. Ela foi embora há dois dias e fazia contato por telefone regularmente. Enquanto isso, eu só conseguia sentir o vazio que ela havia deixado em meu peito. O quarto era minha prisão e a vontade de tê-la sufocava minha respiração. Chuva maldita deixava a casa úmida e o mofo tomava as paredes do meu quarto. Suas fotos sobre a mesa me lembravam de um tempo antigo em que achávamos que a felicidade se contentava com sexo constante, beijos apaixonados e demonstrações de afeto. Vejo seu sorriso e me sinto mais sozinho e a escuridão em devora.
Depois de velho me apaixono e vivo estes furores de adolescente. Isso que dá ter um coração incansável no peito. Um bom tiro na cabeça ou uma apunhalada no coração resolveriam meus problemas, ou melhor, só deixar de respirar já seria algo.
Escrevo, desenho, ouço música no último volume para tentar afastar o fantasma de sua lembrança, mas o que tivemos ficou entranhado no meu corpo, em meus lençóis, na chave do carro e nas páginas dos meus livros.
Foi por ela que escrevi mil páginas de histórias de amor, e pelo seu abandono que escrevi 10000 contos de terror.
Sinto o cheiro do seu sexo e o calor do seu ventre. A maciez dos seus lábios, umedecidos levemente com a língua, cravaram suas garras em minhas lembranças e a excitação me domina.
O Calor aumenta. Vou até a geladeira procurar algo para um bom trago. Meia garrafa de vinho é consumida em um só fôlego. Eu preciso de mais. Algo para calar a sua voz doce em meus ouvidos. Voz que tantas vezes me pediram para fazer loucuras e mil vezes teria roubado a lua para dar de presente a ela.
Preciso de mais bebida. Saio na chuva mesmo, pois agüentaria ficar sem ela na casa, mas de jeito algum conseguiria sem umas boas doses de uma forte bebida!