terça-feira, 20 de abril de 2010

Da tristeza dos homens

Se não podemos vencer, nós, simplesmente, fugimos. Não podemos, de forma alguma, nos juntarmos a elas. É o passo para perder os limites, a estribeira, o juizo, o trabalho, a casa, o resto de dignidade... tudo mais.
Nós homens, somos muito fracos, bem mais fracos que voces, mulheres. Nossa recuperação é lenta, nossas feridas, bem mais profundas.
Homens que nunca aprenderam a chorar, daí, quando é hora de chorar, fazem um papelão. Saindo pelas tangentes e nunca olhando nos olhos.
Criaram um mito, maluco, de que o sofrimento do homem é alegre. "Mais uma dose, campeão. Hoje eu deixei aquela vaca pra trás." Mas nunca dizemos todas as outras coisas que deixamos pra trás. Felicidades que vivemos, esperança e planos de que seriamos, finalmente, felizes.
Não se trata do sofrimento eterno. Chore agora, chore depois e chore ainda mais. É só um pouco menos de canastrice e um pouco mais de autenticidade, que não faria mal a ninguém.

Marcelo Marchiori

quinta-feira, 15 de abril de 2010

Sete anos depois ela surgiu...

Quando resolvi ganhar o mundo ela tinha apenas 13 anos. Era uma menina com sonhos, ilusões e planos que só reforçavam sua inocência.
Eu já estava preparado para ir em busca do que sonhava e sabia que logo enfrentaria a realidade.
Hoje tenho o corpo cheio de marcas, as mãos calejadas por causa dos trabalhos que tive que fazer e a alma envelhecida pela experiência com o mundo. Diante das coisas que sofri, o pão que o diabo amassou com o rabo teria gosto de bálsamo. Mil vezes troquei meus sonhos por migalhas. Vi minhas ilusões caírem por terra e tive que lutar muitas guerras para finalizar meus planos. Perdi muito e ainda sinto o sabor amargo da derrota em minha boca.

E ela reaparece em minha vida...
Traz de bagagem as lembranças do que eu era. Traz um ar de nostalgia e me faz sonhar novos sonhos. Mas mesmo ela chega diferente. Ela também recebeu a parte que lhe cabia da vida.
Chegou querendo alivio de seu mundo e acabamos juntos...
Ambos descobrimos nossos corpos junto e agora diferentes pelas vivencias. Trocamos experiências em assuntos que somente a pratica ensinaria. Amamos-nos como dois pagãos e tão intensamente que uma semana fora uma vida inteira, mas passara em um segundo.
Dois adultos se amaram, o amor adormecido de dois adolescentes.

E chegou a hora de ir embora. Na despedida os corpos não queriam se afastar. As almas respiravam satisfeitas e descansadas. Os corações batiam no mesmo compasso.
Um beijo de despedida e uma gratidão mútua pelos bons momentos juntos.
De volta a suas vidas, cada um levava a lembrança daqueles momentos infinitos que duraram o tempo de um suspiro, intensos como deviam ser. E sim, posso dizer com toda a certeza: aqueles momentos ficaram para sempre marcados em nossas almas e nunca esquecermos aqueles momentos de entrega em que fomos totalmente um do outro...


Jardel Maximiliano

terça-feira, 13 de abril de 2010

Livre de rascunhos

Somos os únicos blogueiros analógicos de que tenho notícia. Escrevemos tudo em pequenos cadernos, que andam para todos os lados, juntos de nós. Cadernos surrados, rasbicados por vagabundas canetas. Qualidades nossas, ora surrados, ora vagabundos. Mas, isso, não é apenas charme, não que um caderninho, que leva tantas histórias, poesias e desenhos, não seja muito charmoso, mas a causa príncipal é outra. O fato de que, a criatividade, nunca tem hora marcada para chegar.
Quem nunca teve a idéia da vida dentro de um ônibus lotado? Sem caneta e nem papel? Por conta disso, houve uma vez que, apesar da minha timidez, tirei do meu bolso meu mp4 e narrei, em alto e bom som, para quem quisesse ouvir, uma história maluca sobre um escritor maldito e fracassado, em sua incursão pelo mundo da auto-ajuda. Deu certo, apesar de alguns risos abafados e olhares de reprovação, mas escrever, é sempre melhor.
O meu antigo caderno pesa alguns quilos e é verde. Sobre a parte de ser verde, é verdade... quanto aos quilos, é, obviamente, uma afirmação simbólica.
Um ano e alguns meses de minha conturbada vida. Por isso, ele está lotado de momentos gloriosos, cheio de outros momentos de vergonha e, isso tudo, sem ma menor intenção de ser um diário.
Escrever é um ato doloroso. Não há escrita, seja artistica, científica ou em papel de pão, que não denuncie um pouco do seu interlocutor, que não revele um pouco de sua história. A mentira tem perna curta e a mentira tem letras tortas.
Sempre me deu a impressão que serei completamente desnudado em meus textos. Que minhas fraquezas ficaram expostas, explicitas, disponíveis para qualquer um voyer.
Me preocupava muito com isso... já não me preocupo mais. Hoje, publico para me livrar dos rascunhos.

quinta-feira, 8 de abril de 2010

Desejo

...e naquele momento ele chegou mais perto. Roçou de leve os lábios no pescoço dela e sentiu seu corpo estremecer. As mãos correndo pela cintura, tomando-na em um abraço firme. Corpo colado com corpo, pressionada contra a parede, respiração ofegante... e estavam apenas começando, apenas se conhecendo.
Ela recua um pouco. Coisa de mulher. Finge que estão indo "rápido demais". Ele faz o seu papel e ignora qualquer simulação. Antes dela levantar os braços para empurrá-lo, é segurada, colocada mais ainda contra a parede. Braços presos pra baixo, daí ele aproxima a boca e ela já mal resiste, aliás, não resiste em nada... procura por ele.
Cada um se "faz de difícil" ao seu modo, o rapaz vira o rosto, mas sabe que pode ser mais interessante e lhe beija o pescoço, novamente. Talvez a tentativa de fuga dela, nem fosse mentira, mas agora pouco importa. Mal ele largou suas mãos e a deixou solta e ela já usa a mão para embolar a camisa dele e puxar, não deixar que ele fuja, mesmo que não haja nenhuma intenção disso.
Algoz e vitima... fica difícil saber quem é quem quando os corpos mal se separam e dois são quase um.
Esqueci de dizer, que a porta do apartamento continua fechada e ainda estão do lado de fora. Ele só havia sido um cavalheiro de levá-la em casa. O que aconteceu antes, não importa, todos e, principalmente, os dois, querem é saber o que vem depois.
Ela resistia abrir a porta que, uma vez atravessada, não haveria mais retorno... se é que ainda existe algum. Lembremos, que a boca dele continua em seu pescoço e ela gosta muito. Em pouco tempo, os sons dela, ficariam mais altos e alguém poderia sair pra saber o que acontece. Junto a isso, ele utilizou suas mãos, dedos e polegares opositores, marcas da evolução humana. Segurando a cintura dela, pressionando, esfregando os dedos calmamente... calmos, porém firmes. O corpo dela se entregava ainda mais, pressionava ainda mais contra ele, como se fosse possível estarem mais pertos.
Não tinha mais jeito, tinham que entrar... ela havia gemido mais alto que o permitido e alguém tenta abrir a porta pra saber o que acontece. Entre risos, correram para a porta e, num passe de mágica, abriram-na, entrando no apartamento, aos tropeços.

Pausa para respirarem...

Ela tenta dizer algo, mas ele já volta a beijá-la. Os dois caem sobre o sofa... ele continua a beija-la... descendo por seu corpo. A barriga dela... ponto fraco, ou melhor, ponto forte de seu desejo. A lingua dele contorna suas curvas, a mão segura a calça e a roupa intima... a partir daí, é a intimidade deles e a imaginação do leitor.