sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

Cingido

E chegamos ao derradeiro momento do Canalha. Em que as dúvidas o atormentam e ele precisa tomar uma decisão em sua vida...

Ele não queria se apegar a ninguém. Decisão tomada, decisão cumprida!
Após muito viver e sofrer em seus relacionamentos, ele decidira que de modo algum se apegaria a alguém. Ficaria com as garotas, as que oferecessem algo melhor, ele ficaria mais tempo, mas as que fossem para uma noite só, seria somente isso. Por mais que gostasse não iria até o ponto em que rolasse o envolvimento. O mais estranho é que justamente por praticar o desapego, mais mulheres se apegavam a ele! Ao notar que ele não procurava, elas viriam atrás dele.

E ele agiu assim por um bom tempo. As garotas vinham e voltavam sem deixar marca alguma. Sofria bastante no processo, pois nem sempre o que falamos da boca pra fora é o que conseguimos sentir. Ele agia na base do desapego, pegando todas as garotas que queria, mas ainda sentia o vazio desta pratica. As mulheres viraram apenas um modo de satisfação dos desejos da carne e isso feria bastante muito seu lado Sentimental.

Mas todos sabemos. Deus adora contar piadas com nossa vida. Se você quer pegação arruma alguém e acaba se apaixonando, se é gandaia que procuramos, acabamos achando a pessoa certa. E foi o que aconteceu com nosso amigo.

Ela apareceu meio sem querer. Noite de balada, amigos em comum, muita bebida, musica alta, conversa ao pé do ouvido, olhares intensos trocados, um beijos, seguido por muito outros...

Ele voltou para casa feliz, ela era linda e muito interessante, mas como havia decidido, sem se apegar.

Mais gandaias, outras mulheres, e novamente se encontraram. Olhares, conversas, aproximações, meia luz, beijos intensos, daqueles de ficar sem fôlego...

Manter distância, segurança, afastamento.

Mas a vontade de se ver crescia, de ambas as partes e nenhum dos dois queria se envolver profundamente com ninguém. Crise, discussões, outras bocas beijadas, mas só havia saciação quando os dois estavam juntos.

E chegamos a este momento:
Ele não quer perdê-la! Sabe que para mantê-la será preciso renunciar a todas as outras. Mulheres que lutara tanto para conquistar, que ofereceram resistência, brigas homéricas e que neste momento estavam a seus pés. Mas a questão é básica: era ela que ele queria. Dentro dele sabia perfeitamente que poderia ser outra decepção, mais uma derrota, e que escolhendo ela, ele perderia todas as outras e ele duvidava se era aquilo que realmente queria. A vida de esbornia oferece vantagens, mas nem sempre ela oferece a satisfação que queremos. Ele estava perdido e sem saber o que fazer. Escolher uma era abandonar todas as outras e se perguntava: Ela valia a pena?
Era o seu momento de escolha, todos os olhares estavam sobre ele, o mundo o observava, estava completamente cercado: O que fazer?

sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

Admirador Secreto

Ela não era a mais linda da classe e justamente por isso, estava ansiosa. Qualquer uma poderia ter sido escolhida, porque ela?
Desde pequena não pode dar-se ao luxo de ser vaidosa. Carregava nas costas o peso de ajudar a criar os irmãos menores.
Seu pai a muito fora embora deixando sua mãe sozinha. A ela, por ser mais velha, cabia o papel de ser a verdadeira mãe dos garotos. Com uma vida assim, ficava difícil pensar em se maquiar para ir para a aula, e nunca sobrava dinheiro suficiente para comprar roupas novas e da moda, fazendo com que nossa garota se sentisse sempre muito apagada junto aos demais de sua idade. Enquanto tantos lutavam para atrair atenção e serem notados pelo que aparentavam, ela só queria ser feliz e poder ser uma jovem normal.
Nunca tivera sorte no amor. Achava-se feia, sem sal, jamais um cara legal a notaria. Mas Alguém notara.
Estava lá no meio de seus cadernos, um bilhete com juras de amor e uma promessa de que na hora certa ele se apresentaria. Achou que era só uma brincadeira de mal gosto dos demais colegas que não perdiam a oportunidade de caçoar dela, resultado: o papel foi jogado no lixo.
Mas mais bilhetes apareceram. Ela tentara de mil formas descobrir quem era, perdendo muitas vezes o intervalo, mas não adiantava.
Aos poucos, ela foi gostando daquilo. Ter alguém que a notara e gostava dela fazia com que ela se sentisse melhor, como se não estivesse sozinha contra o mundo em sua batalha diária.
Nas horas vagas ficava imaginando como ele seria. Se fosse baixinho, seria ruim, pois ela se sentiria desconfortável e provavelmente sentiria dor nas costas por se curvar para beijá-lo. Se fosse alto, seria legal, pois ela achava que homem deveria ser maior que a mulher igual ela via nas novelas, mas de jeito algum deveria ser muito alto, pois assim, ele logo a largaria por causa da dor nas costas. Se fosse loiro seria bem legal, mas ela preferia os morenos. Ficou um bom tempo pensando se um cara de pele escura beijaria bem melhor que os outros e prometeu a si mesma que um dia ficaria com um mulato para saber se era bom.


Será que era forte?
Que usava óculos?
Que jogava futebol?
Que tinha muito amigos?


Certa vez na saída da aula, um rapaz se levantou e esbarrando com ela, disse baixinho ao pé do ouvido:
- Você é tão cheirosa quanto eu imaginava!
Ela ficou tensa e não conseguiu esboçar reação alguma quando o rapaz foi se afastando deixando ela com o coração a ponto de explodir boca afora.
Finalmente ele se revelara!

No dia seguinte ele não fora a aula, e nem na semana seguinte. Ela estava triste e coma certeza que nada no mundo era pra ela. Finalmente encontrara um cara romântico, bonito e que estava interessado nela e ele desaparecera. Já aceitava a derrota amorosa e jurava para si mesma que nunca mais se entregaria a paixões levianas assim. Coisa de menina!
De volta à monotonia do seu dia, das responsabilidades sufocando e nada de bom para se viver.

Um dia ele reapareceu no final da aula. Disse que não estudava mais naquele horário, pois seu pai resolvera que o outro seria melhor para seus estudos, mas prometera que assim que desse voltaria para vê-la. Virou as costas e correu para o carro sem olhar para trás. Novamente ele ia embora a deixando sozinha, mas desta vez com esperanças de que se veriam novamente.

Mais uma longa espera...

Outro bilhete em meio aos seus cadernos:

“Podemos nos ver hoje no bosque da Escola”?
Lá pelas 17 hs. Por favor, apareça, pois não sei quando poderemos estar juntos novamente!

Com Amor,
.................... “

Ela esperou! Esperou fazendo mil orações, com medo que ele não aparecesse. Que fosse zoação, que de uma hora pra outra todos que caçoavam dela surgissem detrás das arvores dizendo que novamente ela fora enganada. Que ele não ia chegar, que ele poderia ser atropelado pelo caminho, que ele encontrou outra e com ela foi morar e muitas outras coisas que só faziam aumentar sua angustia.
Ele estava meia hora atrasado e ela já aceitava o abandono.
Triste, chorando, resolveu ir embora junto com o pouco de dignidade que ainda restava.
Mas eis que ouve alguém gritando seu nome. Com as lágrimas molhando o rosto ela se vira e vê seu amado correndo em sua direção. Quando chega perto dela, ele toma um pouco de ar, mas já vai logo pedindo desculpas pelo atraso. Que infelizmente não conseguiu carona e o ônibus atrasara.
Ela limpava as lágrimas, rezando para que ele não visse. Escondia a alegria dele estar ali, atrás de uma máscara de irritação pelo atraso. Mas ela não agüentou manter as aparências por muito tempo. Afinal, ele a pegara em seus braços e ela se entregara.
No ultimo momento ainda teve forças para perguntar por que ele não se revelara antes, porque se escondera por tanto tempo.
Sem pestanejar ele apenas disse:
- Eu tinha medo que você não gostasse de mim, afinal, você era a melhor dentre tantas, era única para meus olhos.
É... amar nunca é fácil e tranqüilo em qualquer idade. Ele para, tira o mp3 do bolso e coloca nos ouvidos dela. Uma música antiga envolve o ambiente:

“... Every time I see you falling
I get down on my knees and pray
I'm waiting for that final moment
You'll say the words that I can't say

I feel fine and I feel good
I'm feeling like I never should
Whenever I get this way, I just don't know what to say…”




Vão os dois embora, de mãos dadas, sorrindo em toda a felicidade que ambos merecem, afinal, às vezes, o amor dá certo.

sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

Vou Fugir Praí


Quando bate a saudade eu vou pro mar, fecho meus olhos e sinto você Chegar....

Vou fugir praí
enamorar-me contigo
Escrever seu nome no céu
roubar estrelas para criar uma galáxia só para você.
Contar-te histórias bobas só para ver teu sorriso surgindo
chorar várias vezes para ganhar o teu acalanto
Dormir em seus braços para poder acordar e ter como primeira visão do dia, teu corpo aninhado com o meu
Dar-te presentes e fazer surpresas para você não se entedie
Levar-te a lugares que você já foi mil vezes e te deixar tão bem que você vai achar que é a primeira vez
E sempre será
cada dia será um dia novo e cheio de possibilidades contigo ao meu lado
E sim, vêm seqüestrar-me logo, pois só nos resta a eternidade para sermos felizes juntos
e acho que mesmo isso não é tempo suficiente para estar contigo
Vem, vem logo, que te espero

quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

Homem de má sorte


Chove lá fora como se Deus tentasse lavar tudo que há de ruim no mundo, e ele estava fracassando no processo. Nem um novo dilúvio iria acabar com tudo. Deixe-o em suas tentativas vãs. Tenho preocupações demais na minha vida para me importar coma humanidade.
Minha cabeça dói por estar a tempo demais trancado no quarto. Ela foi embora há dois dias e fazia contato por telefone regularmente. Enquanto isso, eu só conseguia sentir o vazio que ela havia deixado em meu peito. O quarto era minha prisão e a vontade de tê-la sufocava minha respiração. Chuva maldita deixava a casa úmida e o mofo tomava as paredes do meu quarto. Suas fotos sobre a mesa me lembravam de um tempo antigo em que achávamos que a felicidade se contentava com sexo constante, beijos apaixonados e demonstrações de afeto. Vejo seu sorriso e me sinto mais sozinho e a escuridão em devora.
Depois de velho me apaixono e vivo estes furores de adolescente. Isso que dá ter um coração incansável no peito. Um bom tiro na cabeça ou uma apunhalada no coração resolveriam meus problemas, ou melhor, só deixar de respirar já seria algo.
Escrevo, desenho, ouço música no último volume para tentar afastar o fantasma de sua lembrança, mas o que tivemos ficou entranhado no meu corpo, em meus lençóis, na chave do carro e nas páginas dos meus livros.
Foi por ela que escrevi mil páginas de histórias de amor, e pelo seu abandono que escrevi 10000 contos de terror.
Sinto o cheiro do seu sexo e o calor do seu ventre. A maciez dos seus lábios, umedecidos levemente com a língua, cravaram suas garras em minhas lembranças e a excitação me domina.
O Calor aumenta. Vou até a geladeira procurar algo para um bom trago. Meia garrafa de vinho é consumida em um só fôlego. Eu preciso de mais. Algo para calar a sua voz doce em meus ouvidos. Voz que tantas vezes me pediram para fazer loucuras e mil vezes teria roubado a lua para dar de presente a ela.
Preciso de mais bebida. Saio na chuva mesmo, pois agüentaria ficar sem ela na casa, mas de jeito algum conseguiria sem umas boas doses de uma forte bebida!