terça-feira, 13 de abril de 2010

Livre de rascunhos

Somos os únicos blogueiros analógicos de que tenho notícia. Escrevemos tudo em pequenos cadernos, que andam para todos os lados, juntos de nós. Cadernos surrados, rasbicados por vagabundas canetas. Qualidades nossas, ora surrados, ora vagabundos. Mas, isso, não é apenas charme, não que um caderninho, que leva tantas histórias, poesias e desenhos, não seja muito charmoso, mas a causa príncipal é outra. O fato de que, a criatividade, nunca tem hora marcada para chegar.
Quem nunca teve a idéia da vida dentro de um ônibus lotado? Sem caneta e nem papel? Por conta disso, houve uma vez que, apesar da minha timidez, tirei do meu bolso meu mp4 e narrei, em alto e bom som, para quem quisesse ouvir, uma história maluca sobre um escritor maldito e fracassado, em sua incursão pelo mundo da auto-ajuda. Deu certo, apesar de alguns risos abafados e olhares de reprovação, mas escrever, é sempre melhor.
O meu antigo caderno pesa alguns quilos e é verde. Sobre a parte de ser verde, é verdade... quanto aos quilos, é, obviamente, uma afirmação simbólica.
Um ano e alguns meses de minha conturbada vida. Por isso, ele está lotado de momentos gloriosos, cheio de outros momentos de vergonha e, isso tudo, sem ma menor intenção de ser um diário.
Escrever é um ato doloroso. Não há escrita, seja artistica, científica ou em papel de pão, que não denuncie um pouco do seu interlocutor, que não revele um pouco de sua história. A mentira tem perna curta e a mentira tem letras tortas.
Sempre me deu a impressão que serei completamente desnudado em meus textos. Que minhas fraquezas ficaram expostas, explicitas, disponíveis para qualquer um voyer.
Me preocupava muito com isso... já não me preocupo mais. Hoje, publico para me livrar dos rascunhos.

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