quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

Homem de má sorte


Chove lá fora como se Deus tentasse lavar tudo que há de ruim no mundo, e ele estava fracassando no processo. Nem um novo dilúvio iria acabar com tudo. Deixe-o em suas tentativas vãs. Tenho preocupações demais na minha vida para me importar coma humanidade.
Minha cabeça dói por estar a tempo demais trancado no quarto. Ela foi embora há dois dias e fazia contato por telefone regularmente. Enquanto isso, eu só conseguia sentir o vazio que ela havia deixado em meu peito. O quarto era minha prisão e a vontade de tê-la sufocava minha respiração. Chuva maldita deixava a casa úmida e o mofo tomava as paredes do meu quarto. Suas fotos sobre a mesa me lembravam de um tempo antigo em que achávamos que a felicidade se contentava com sexo constante, beijos apaixonados e demonstrações de afeto. Vejo seu sorriso e me sinto mais sozinho e a escuridão em devora.
Depois de velho me apaixono e vivo estes furores de adolescente. Isso que dá ter um coração incansável no peito. Um bom tiro na cabeça ou uma apunhalada no coração resolveriam meus problemas, ou melhor, só deixar de respirar já seria algo.
Escrevo, desenho, ouço música no último volume para tentar afastar o fantasma de sua lembrança, mas o que tivemos ficou entranhado no meu corpo, em meus lençóis, na chave do carro e nas páginas dos meus livros.
Foi por ela que escrevi mil páginas de histórias de amor, e pelo seu abandono que escrevi 10000 contos de terror.
Sinto o cheiro do seu sexo e o calor do seu ventre. A maciez dos seus lábios, umedecidos levemente com a língua, cravaram suas garras em minhas lembranças e a excitação me domina.
O Calor aumenta. Vou até a geladeira procurar algo para um bom trago. Meia garrafa de vinho é consumida em um só fôlego. Eu preciso de mais. Algo para calar a sua voz doce em meus ouvidos. Voz que tantas vezes me pediram para fazer loucuras e mil vezes teria roubado a lua para dar de presente a ela.
Preciso de mais bebida. Saio na chuva mesmo, pois agüentaria ficar sem ela na casa, mas de jeito algum conseguiria sem umas boas doses de uma forte bebida!

1 comentários:

Peq. disse...

Isso que é amor hein Jardel..
Lindo texto ...