Covença-me

[cortinas se abrem, uma ponte, um casal sobre ela... a garota de costas para ele, se vira e diz:]

- Mas por que eu, com tantas por aí?

- por que, sim!

- não é resposta.

- o meu sim pode dizer de todos os 'não' que acabei de dizer ao resto do mundo. Não há explicação para coisas assim, para momentos assim, ou para pessoas como você. Qualquer explicação seria incompleta.

- ou você me convence, ou vou embora...[sai andando]

- [suspira][diz pra si] porque precisam ser tão complicadas? [corre até ela e segura seu braço] se tantas por aí, podem representar só uma, aquela que procuro realmente. Você, pode representar todas aquelas que meu anseio de conquista impulsiona a colecionar beijos e sensações. Para elas são apenas beijos displicentes, ou um 'eu te amo' falso. Mas você e tua profundidade...

- não conhece um terço de minha alma...

- e sei q nao conhecerei nem metade...

- então...

- aí que começa toda minha defesa. Me apaixonar todos os dias, pela mesma mulher, que se mostra sempre uma mulher diferente a cada amanhecer...

- e com quem ficam as noites? e não conheço a tua laia?

- acha mesmo que conseguiria seduzi-la sem gastar todo o dia e toda a noite? [se aproxima tentando beijá-la]

- [escapa do beijo] opa, opa, opa... muito cedo sr. orador. acha mesmo q eu já caí nesse seu papinho? já venci malandros mais inteligentes.

- disse bem, venceu malandros, mas nada tem contra a valentia de um homem sincero.

- que está onde? só vejo um sedutorzinho barato... que nunca q me engana. vai andando, vai atrás das tuas, que eu não sou mesmo pro seu bico.

- então eu vou... [se vira]

- peraí... cadê a valentia e a sinceridade? larga mão, assim?

- pois é... talvez não valha a pena.

- claro que valho...

- [diz pra si, mas alto o bastante para q ela escute] e eu nao sei disso? [suspira]

- então tem mais uma chance... mas seja sincero dessa vez e mantenha essas mãos distantes de mim, até a hora q eu quiser.

- ser sincero é difícil...

- me conquistar também.