sábado, 29 de agosto de 2009

"fala-nos sobre o canalha sentimental"


tarefa árdua e cuidadosa, afinal de contas um canalha sentimental não
se escreve nem tão pouco se transforma. Um canalha sentimental é como
aquele velho e bom amigo canino à beira da soleira do bar, companheiro
das desilusões - amorosas e existenciais - ouvinte mais atento e
compreensivo de nossas lamurias. Aquele que ali sempre esteve não se
sabe desde quando e tão menos até quando, figura conhecida e
respeitada, por vezes invejada, mas sempre considerada. Um canalha
sentimental antes, porém, para começo de conversa, é necessário que
fique bem claro que o nome é composto e necessita tanto do prenome
quanto do sobrenome, o canalha que aqui se fala é sentimental,
voltemos. Um canalha sentimental é mais ou menos como nosso amigo
canino, amores e paixões ele desperta, atento, sempre a
escutar e compadecer das desilusões da paixão. Campo este em que se
mostra um eterno aprendiz e admirador. Um defeito, porém, não poderia
passar sem, confunde suas coxas com as de outras moças e acaba por te
mostrar toda a dor. Como diria o poetinha "a hora do sim é o descuido do
não", um abusador inveterado da regra três. Mas antes que as pedras
sejam atiradas - lembrem-se de madalena - estamos aqui falando de um
canalha sentimental. Não de um colecionador, um cafa sem escrúpulos,
falamos de um admirador, fã devoto e inconteste de nossas "crias de
costela". Recorro mais uma vez ao mais nobre e sábio dessa classe:

"Ah, eu não sei como é que vai ser
Olho as mulheres, que desespero
Que desespero de amor
É a loirinha, é a moreninha
Meu Deus, que horror!
Se da morena vou me lembrar
Logo na loura fico a pensar
Louras, morenas
Eu quero apenas a todas glorificar
Sou bem constante no amor leal
Louras, morenas, sois o ideal
Haja o que houver
Eu amo em todas somente a mulher"

Volto e repito! não falo aqui de cachorrice como muitas dirão. não se
esqueçam que nessa roda-viva-gigante-kamikaze quem mais precisa no fim
da noite daquele amigo canino lá de cima, somos nós. Tolos e réus
confessos do crime da paixão. Ah como é lindo ver uma cria displicente a
sorrir e cantar. Quem na mais alta das insanidades não se deixaria
render aos encantos e alquimias tão charmosamente arquitetados em suas
lindas cabecinhas?! Tolo daquele que não se permite sobre tudo, o amor. Mentiroso aquele que não se rende à uma beleza que vem da tristeza de
se saber mulher. É, são demais os perigos dessa vida! Principalmente
para aqueles que têm paixão.

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